O Governo de Jair Bolsonaro chegou a pagar pelo menos R$4,3 milhões para apresentadores de televisão, radialistas, influencers e uma dupla sertaneja para fazerem merchandising de seu governo. Os gastos da Secom, Secretaria de Comunicação Especial da Presidência, foram direcionados em 2019 e 2020 direto para emissoras que demonstram apoio ao presidente: Band, Record, SBT e RedeTV!.
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Os documentos que indicam o pagamento do “cachê” indicam na relação de notas fiscais da Secom entregues à CPI da Covid, em desenvolvimento no Senado, e foram analisados pelo Intercept.
Diferentemente da mídia que costuma receber ataques frequentes de Bolsonaro, as emissoras aliadas a ele, além de promoverem a atual gestão, recebem o político para entrevistas exclusivas. Em determinados casos, ele participa diretamente dos programas de apresentadores que fazem merchandising para seu governo, como Datena e Sikêra Jr..
Segundo o The Intercept, para a CPI da Covid, a Secom mandou 263 notas fiscais a respeito do “pagamento do cachê”, que juntas acumulam R$4.846.601,72. Entre esses documentos, o Intercept analisou 139 notas, que acumulam R$4,3 milhões. Valores ainda mais altos também chegaram a ser considerados e pagamentos para emissoras locais com valores menores foram desconsiderados. Nestas 263 notas a respeito do pagamento do “cachê”, não estão presentes a TV Globo e afiliadas. A emissora lidera as audiências no país e é um dos meios de comunicação que Bolsonaro frequentemente faz críticas e chama de “lixo”.
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No início da lista dos artistas que chegaram a receber o cachê estão Simone e Simaria. O governo de Bolsonaro pagou R$1 milhão para a dupla sertaneja, que vendeu sua imagem a fim de falar sobre o Combate à Violência Contra a Mulher.
Ao todo, a Secom gastou R$1,7 milhão em celebridades para essa campanha. Os R$696 mil restantes foram divididos entre os apresentadores da Band (Datena e Cátia Fonseca), da Record (Ana Hickmann, Luiz Bacci e Ticiane Pinheiro), da RedeTV! (Nelson Rubens) e do SBT (Lívia Andrade).
Ainda segundo o The Intercept, entre esses pagamentos, foram direcionados R$746 mil para cachê das celebridades envolvidas na campanha a respeito do “cuidado precoce”, no qual orientou o uso de cloroquina e outras drogas sem efeitos comprovado s contra a Covid-19. Grande parte do valor dessa ação foi dividida entre influenciadores digitais, R$352,6 mil, e radialistas, R$247,2 mil. A grande quantidade de locutores de rádios locais estão distribuídas por todas as partes do Brasil. Desse modo, a mensagem foi enviada a públicos do interior, ouvintes de rádios locais.
No mês de janeiro, a Agência Pública já havia divulgado que influenciadores digitais haviam sido contratados pelo Governo Bolsonaro na mesma campanha de “tratamento precoce”. Ao todo, celebridades do Instagram receberam R$23 mil do governo pelo merchan em seus perfis.
