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Jornalista da Record, sem banheiro nem internet, enfrenta dilema em caçada a Lázaro


Jornalista da Record, sem banheiro nem internet, enfrenta dilema em caçada a Lázaro (Reprodução/RecordTV)

A cobertura do caso de Lázaro Barbosa, que, após 20 dias de buscas foi preso e morto na manhã da última segunda-feira (28), prendeu a atenção de diversos brasileiros. Com isso, o repórter da Record, Dionísio Freitas, estava na linha de frente para acompanhar o caso e informar a população. 

O jornalista, que estava no interior de Goiás, passou por diversas complicações durante a cobertura do caso. Entre elas, a falta de banheiro e internet. Além disso, Dionísio precisava informar seus telespectadores sem dar muitos detalhes do caso, para que, na época, não conseguisse ajudar Lázaro a fugir novamente. 

Em entrevista ao Notícias da TV, o repórter contou mais sobre sua experiência durante a cobertura. “O caso Lázaro, além de demandar muito conhecimento técnico, necessitou também uma grande estabilidade emocional. Tanto para entender os riscos, a avalanche de informações que chegavam e a forma de transmitir a informação para quem estava do outro lado da telinha”, disse. 

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“Tinha que ser minimalista para deixar um painel das ações cometidas por esse homem considerado perigoso e, ao mesmo tempo, não passar detalhes da operação policial para evitar que Lázaro, que acompanhava tudo com um telefone, entendesse que estaria cercado ou que poderia escapar”, contou o repórter do Balanço Geral de Brasília. 

“Então, acredito que o caso Lázaro serviu para que entendesse em mim que estou preparado para enfrentar situações de tensão em nome da informação verdadeira. Seja no calor, sem internet e, às vezes, sem banheiro”, continuou o jornalista da Record.

Repórter Dionísio Freitas (Reprodução/Instagram)
Repórter Dionísio Freitas (Reprodução/Instagram)

Dionísio foi o primeiro jornalista a informar a morte de Lázaro. Repórter do Balanço Geral de Brasília e jornalista há quase de 20 anos, Freitas alega que a cobertura do assassino de Brasília foi uma das mais marcantes. “Desafio para apurar, vencer o cansaço, encontrar vítimas e manter em meio a tudo isso um discurso correto e imparcial. Existiam muitas fake news que demandavam um duplo filtro de apuração, com mais atenção e detalhamento na hora de repassar as informações ao telespectador”, analisou. 

“A imprensa estava ansiosa, sim [com a resolução do caso], mas ávida em trazer boas noticias a moradores que já não conseguiam dormir ou que tiveram que deixar suas casas com medo dos ataques feitos por Lázaro Barbosa, ou a ele atribuídos. Enquanto jornalista não existe medo, e sim vontade de conseguir respostas. Durante todo esse tempo, foi essa sede por soluções que me guiou. Todos queriam a prisão de Lázaro, mas como ele havia noticiado, em uma carta deixada para a família, a possibilidade que algo pior pudesse acontecer nos trazia receio. Ele parecia cada vez mais ousado e não temia as tropas policiais. Imaginávamos hipóteses, mas queríamos todos, moradores e jornalistas, que ele tivesse seu julgamento em uma cadeira, como réu, no tribunal do júri”, contou o repórter da Record. 

Dionísio Freitas acompanhou o caso desde o dia 9 de junho. Nesta época, o “serial killer de Brasília” havia invadido uma chácara e matado quatro pessoas.  “Não tínhamos ainda, naquele momento, a noção de que entraríamos em uma história tão densa e com tantos desdobramentos. No desenrolar da apuração, passamos a entender que ali existia uma teia de eventos consecutivos que já desenhavam não apenas um crime de latrocínio, mas algo assustadoramente maior”, disse. 

Por fim, Dionísio Freitas falou sobre sua experiência durante a cobertura. “Foram dias puxados, de sacrifícios individuais. Mas acho que o resultado compensou muito. O nosso comprometimento com os telespectadores valeu cada suor derramado. Tive a possibilidade de iniciar a história antes dos holofotes e antes dos holofotes e concluir o caso ao vivo depois de 20 dias de uma busca exaustiva para policiais, jornalistas e, especialmente, os moradores da região. O que senti? A sensação de dever cumprido”, finalizou o repórter. 

Autor(a):

Cursando Relações Públicas na Universidade Anhembi Morumbi. Meu objetivo é informar com maior objetividade e clareza possíveis.